Agora, são seis e meia da manhã. A garoa é gelada, sinto preguiça, mas ainda assim criei coragem pra escrever no blog.
Estou num ônibus fretado, rodeada de jovens, parte deles viciados em Pokémon Go e no auge dos vinte e tantos, como eu.
Como o jogo não me desperta
interesse, eu escuto música pra não ficar entediada, mas ainda assim penso se
aquelas pessoas cuidam de seus bichinhos de estimação como capturam o Pikachu
e me assusto.
Ao longo da viagem, uma moça com
cara de pentelha espalha no ônibus “bom dia, já que não dá pra ser feliz nessa vida,
a gente caça Pokémon... alivia o tédio né, gente? ”. Parecia ser brincadeira, mas era sério. A vida é cretina
demais, pensei ao ouvir essa frase, ironicamente ao som de Comfortably numb, do Floyd.
Não digo pelas crianças, mas talvez,
toda essa onda de caçar Pokémon entre adultos, ou de aderir a qualquer modismo,
venha do desejo de caçar alguma coisa pra buscar uma forma de aliviar o tédio e
encontrar a tal “ felicidade obrigatória” - que também causa tédio...
No fundo, todos querem caçar e capturar alguma coisa... um amor, um abraço, um amigo, um feeling,
uma casa, uma grana, uma transa, um emprego, algo para fazer, alguém para encher, chicletes
pra mascar...
Outros, são mais modestos,
procuram uma frase como mantra, um filme pra chamar de seu, um livro de
cabeceira, uma música que chacoalhe o dia ou apenas um olhar... coisas que façam com que a vida pareça ter
mais sentido pelo menos por alguns instantes, tão imperceptíveis.
Rola até filosofia sobre isso, o filósofo Lars Svendsen diz que o tédio veio para ficar na vida moderna. As
novidades parecem ser tão entediantes quanto o próprio tédio, logo não há como
superá-lo.
A tendência é procurar uma outra coisa que pareça ser melhor por alguns tempos - que também serão entediantes num futuro próximo, mas não tornam a vida impossível.
A tendência é procurar uma outra coisa que pareça ser melhor por alguns tempos - que também serão entediantes num futuro próximo, mas não tornam a vida impossível.
Tal como a paixão, a felicidade, o
ego, a solidão, e outros estados de espíritos que competem, o tédio é o membro contemporâneo que veio incrementar a
disputa pelo pódio do “mal do século”.
Num tempo, não muito distante, eu
estava bem entediada. Livros, dança, música, sair, conhecer pessoas, eram um
nada. Aí, veio a pergunta: quem vai ficar no topo do meu pódio? O tédio...ou eu? Cheguei
à conclusão que ou eu o capturava, ou seria capturada por ele.
Aquela sensação de
desconforto me impulsionou a caçar outras coisas, entre elas, voltar a escrever,
publicar um livro, estudar cinema. Aos poucos, fui voltando ao meu estágio
normal, que é mais urbano e agitado, a música voltou a fazer sentido e as palavras também.
Sei que certos sentimentos não têm solução e se encarregam de virar outros com o tempo, mas não existe tédio que não amenize nesse jogo que a vida propõe, acho que ele ainda não é páreo para o meu pódio...
K.C
a vida toda penso que a felicidade não existe ou é só uma coisa passageira.... e mesmo vivendo em uma atmosfera cinzenta gostaria de ver o azul do mar todos os dias... pessoas estão sempre atrás de algo para preencher suas vidas vazias e aparece esse tal de POKEMON E PIKACHU... RS NEM SEI ESCREVER ESSA PORRA KKKK até inventarem outra moda do tipo ou coisa pior rs e por aí vai rs ótimo testo Kelly. me identifiquei muito com essa psotagem..... continue escrevendo.... bjs
ResponderExcluirObrigada pela leitura, que bom que ae identificou 😊. Bj.
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