É inevitável. Essas mortes repentinas no mundo do rock, da cultura pop, ou de qualquer pessoa próxima, que, de algum modo existe identificação, sempre deixa a gente meio reflexivo sobre a morte.
Tem
mortes que são bizarras, outras inevitáveis e outras que, provocadas ou não, não deveriam ser vistas com julgamento ou idolatria, pois são
escolhas individuais.
A morte causa medo. A morte, como notícia, vende. Uma morte repentina chama mais atenção que um homem dançando o tcha tcha tcha de cueca em praça pública... E é difícil não pensar nela, em algum momento.
A
morte assusta, e ao mesmo tempo nos faz enxergar uma realidade um tanto
depressiva, que não importa se a pessoa é jovem ou não, se ela é famosa ou não, se
é pobre ou rica: ela morre. Às vezes de doenças, de overdose, de amor, com um
tiro na cabeça, na boca, atravessando a rua, em um acidente, ou até mesmo tendo um orgasmo - pesquise as manchetes, porque sim, existe.
Essa
atenção é posta pra gente de várias maneiras, porque além de haver no ser
humano um interesse em uma desgraça, não se sabe o que será encontrado depois da
morte. Não importa no que se crê, aliás, opções no que se acreditar e perguntas sem retóricas sobre isso não faltam...
O que é mais ridículo? Viver, calcular uma vida e fazer várias coisas, pra no fim se chegar a um único resultado preciso: morrer? Ou antecipar a morte por que bem no fundo, há a consciência de que não se chegará a lugar nenhum fazendo todas essas coisas?
Há um
mundo após a morte? E se existe, qual mundo? O mundo dos espíritos politicamente incorretos, meio Hugo Chávez? O
mundo dos atormentados alternativos meio Alá Raul? O purgatório papal? O céu de
Calcutá? a Babilônia de Nabucodonosor? - que
nome mais... horroroso, me desculpe se é o seu, caso esteja lendo. O paraíso
de Kardec? O
inferno de Lúcifer? Também, mas muitos já tem a leve impressão de estar no
inferno...
São
tantas perguntas...
Não
sei sobre você. Deve haver algo no outro
lado da vida, mas acho que puxei um lado meio paulistano até para morrer, porque não aguentaria ficar em um lugar, vendo
lagos e cachoeiras, sentindo a natureza, como os personagens ficam nos filmes relacionados
à Chico Xavier... Não, não, que tédio. Sairia correndo. Meu espírito é ansioso
demais pra isso.
O Marquês de Sade dizia que “O melhor meio de se familiarizar com a morte é ligá-la a uma ideia libertina.”. Faz sentido, já que será impossível escapar disso ou então, talvez faça algum sentido vagar nessa lógica, caso alguém queira voltar pra acertar as contas com outro alguém, porque o morto não precisa ter pudor, tampouco reprimir suas vontades, logo nada impede de ele ser um libertino.
O
fato é que um dia, o corpo acaba. Eu sei, isso assusta. Também assusta uma
jovem cheia de ideias na cuca e no futuro, como eu. Não pense que foi fácil
refletir essa crônica- aliás, nunca é
fácil escrever.
Se
no viver, tudo é incerto e se morrer é certo...então...
....Viver
é ridículo. Morrer também é ridículo. São as duas casualidades ridículas do
tempo no qual estamos sujeitos. Na dúvida, melhor tentar a possibilidade de valer
a pena o primeiro verbo da comédia.
K.C
Escritora! Amo seus textos, e esse não é diferente! Vou arriscar uma análise.
ResponderExcluirTantas perguntas sobre a morte, porque será? Apesar de haver muitas perguntas sobre a vida, essas não nos assombram não é? Penso que seja uma forma que temos de nos defender contra a idéia de um dia sermos o nada, não sermos. A avalanche de questões sobre a morte deixa o incerto em suspenso. O desconhecido mais assustador.
O que importa como será após a morte? Fernando Pessoa diz "já não tenho preferências para quando não puder ter preferências" (em poema de Alberto Caeiro). A mim me preocupa a vida, que é onde estou e tenho que dar conta. O além vida por sua condição de incerteza nos deixa com todas as conjecturas possíveis e imagináveis, e isso me parece ser mais assustador que a própria morte, pois acontece enquanto vivemos.
Parabéns! :)
Muito interessante sua análise. A mim também me preocupa o verbo da comédia, que é viver ;). Obrigada pelos elogios, e pelo carinho.
ExcluirAchei uma crônica bem pesada, com um humor bastante inteligente e sarcástico. Acredito que a morte dos integrantes do CBJr chocaram as pessoas sim, mas como você disse, eles escolheram suas mortes. No suicídio a morte é uma escolha, bem pensado. Show, como sempre seu blog.
ResponderExcluirMarcelo, acho que todo mundo ta sujeito a surtar com seus problemas, não os julgo por isso, acho que eles eram ótimos no que faziam, é realmente uma pena, gostava da banda, mas não idolatro a morte deles, o modo como morreram foram escolhas, se boas ou ruins, eu não sei, mas escolhas, e nós somos resposáveis por elas e por nosso atos...
ExcluirObrigada pelos elogios e pelo comentário também.
E há aqueles que vivos são mortos, como peso sob a água, a égide da apatia e do medo. Há aqueles que se escondem atrás de seus escudos e que dão desculpas de estarem tentando viver, na verdade não passam de mortos medrosos demais para carregar os fardos da vida. E acabam por levar outros junto.
ResponderExcluirSurtar não é o problema, o problema é deixar-se levar pelo surto, susto, suspiro...
Ótima crônica, bem tocante, e morte é o elefante branco dos nossos tempos.
Obrigada, o comentário também foi tocante.
ExcluirA morte é o maior de todos os mistérios! ninguém nunca voltou para nos contar como é o paraíso ou o submundo rs rs
ResponderExcluirA morte também é um alívio da alma que se livro do fardo do corpo....
A morte para algumas crenças e religiões é o começo de uma nova vida....
A morte é um mistério e uma certeza
no caso do CBj a morte para eles foi uma fuga
pois não tocavam para um público maior com a 10 anos atrás... não eram mais o foco das bandas de rock que enchiam o saco nas FMs....
algumas pessoas que vivem no topo quando descem optam pelo kill myselth... não sei se meu ingrês está certo hehe
ótimo! vc abordou um tema que ninguém gosta de falar rs
Obrigada pela leitura, quanto à morte dos músicos, não sabemos o que se passa na cabeça de cada pessoa...
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