Saudade é um negócio maldito. Eu vivo dizendo pra Kelly que não gosto de sentir saudades. E ela entende. Porque fico desesperada, eu não sei como lidar com a saudade. Sou fraca pra ela. Não gosto de sentir saudades de ninguém, de mãe, de amigo, de avó, de amor, de passado, de um outro alguém... saudade ... não sei como Fernando Pessoa fazia poesias pra um sentimento que parece ser maior que o amor, raiva, ou qualquer coisa, e você não pode controlar, ao mesmo tempo não quer sentir, mas sente.
Sinto tipos de saudades,
entendo-as, ai elas passam, eu crio outras,
suporto-as e uma hora, elas
passam ou pioram, às vezes se tornam até belas. Mas não deixam de ser malditas.
Parece um recado inacabado de alguém na caixa postal e você fica com aquela
fissura de ouvir o resto. Um email de alguém que você adora, mas sabe que nunca
vai receber. E se receber , é melhor
guardar, porque de repente você não terá nada do tipo na sua caixa de entrada
novamente.
Saudade parece como correr no
meio de uma estrada onde não passa ninguém que se gosta pra poder acalmar o corpo num abraço e se for saudades de alguém
que já se foi, então? Pior ainda, nem alma penada aparece na estrada. Mas
quando se está vivo... É sempre um jogo. Ou você reage, ou ela acaba com você...
- Alô?
- Oi... Teca?
- Sim.
- Tá tudo bem?
- Tá... tava dormindo?
- Não. Sério mesmo, você tá bem?
Parece toda... estranha...
- Tá. Eu só tava com saudade.
- Menos mal. Também to com
saudade de você, até comprei um negócio.
- O que? Uma cueca comestível?
- Não , engraçadinha. Surpresa. Mas
pelo seu teor de voz achava que tinha acontecido alguma coisa mais grave...
- Mas saudade pra mim é uma coisa
grave...
- Eu sei, já conversamos sobre
isso, mas e agora?
-Ah agora, eu melhorei. Esquece, eu não sou uma pessoa muito
normal... que espécie de pessoa gasta os míseros créditos do celular, liga pra
alguém no meio da madrugada, meio ansiosa, vê o email umas cinco vezes só pra saber se tem uma
mensagem sua porque sentiu saudade... e
precisa muito falar com a pessoa... porque saudade pra ela é um negócio meio
estranho, angustiante...
- Alguém realmente não muito
normal...
- Hum.
- ...por isso que eu gosto de
você.
A conversa continuou, mas naquele
momento... Não é que a maldita me rendeu sorrisos? Ganhou de mim, no jogo. Mas não mudei minha opinião sobre
ela, é mais ou menos como uma coisa adversária, sabe, incomoda, mas uma hora a gente é obrigado a suportar.
Quer saber? Saudade é uma bênção
maldita.
K.C
É, kelly Christi, a saudade é esse "bichinho" ai que voce descreveu. Eu acrescentaria ainda que a saudade fere a quem ama como se fosse um punhal, pois nela nos encontramos como se estivessemos num poço fundo que parece não ter fim.
ResponderExcluirBeijos.
um bicho esquisito rsrs. Beijos.
Excluirque crônica linda, apenas isso que tenho a dizer;
ResponderExcluirobrigada ;).
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