Ouço sempre alguém com dor de
cotovelo, ou com amor mal resolvido, em banheiros femininos de baladas, inclusive. Já estive na mesma situação.
Cheguei até a fazer amigas assim. Todo mundo meio alegre, e elas lá, aos
prantos, tristonhas, ouvindo os ruídos da música que vinham da pista, os
barulhos de descargas e andares de calçados, sem parar...Tem histórias de
pessoas que gostam de outras, desde a adolescência “ Ah, esquece, vira a
página”, eu, em vão, tento argumentar.
Os homens também compartilham seus anseios, mas não no banheiro , certa
vez um deles me disse “Eu não sei o que acontece, estou com outra pessoa e
feliz, nem moro mais no Estado e não esqueço a porra daquela mulher. ” – certo,
esse final é um pouco dúbio, mas dá pra entender o sentimento...Dói, causa
incomodo, demora pra passar essa coisa de amores mal resolvidos. Depois
de um tempo, raramente ocorre uma amizade ou fica indiferente, ou vira o extremo da
insatisfação de encontrar a pessoa na rua, coisas do tipo.
A impressão do amor mal resolvido parece uma sombra nas suas costas ,
enquanto você olha pro espelho, rindo da sua cara, debochando, falando "Psiu. Ei, imbecil, eu ainda estou aqui, achava que ia ser
completamente feliz, que eu iria embora fácil?” e ai você finge que a sombra
não está ali, mas ela volta e insiste satisfações “
...e o que você não fez? E as coisas que não disse? Tá pensando o quê?– insiste
em retrucar.
Vai um tempo para esquecer a alternativa sem x no questionário. Nos
relacionamos com outras pessoas, temos novas paixões, mas aquela sombra fica um
tempo ali no espelho. Parece uma maldição pesada, frívola, rogada pelo Silas
Malafaia, Padre Quevedo, Pai Caboclo e Zé do Caixão juntos!
Há sempre aquela ideia vagando do e se. E se eu tivesse
feito diferente, e se eu tivesse procurado, tentado, e se, e se, e se... como
estaríamos hoje? As respostas? Nada mais que o desejo da velha psique. As tão sonhadas realidades que na época gostaríamos de ter feito,
ouvido, ou então a única coisa boa que restaria, caso não tivesse durado: ao
menos seriamos amigos.
É por essas que o amor tem que ser consumido, se meses, anos, décadas, não se sabe, mas consumido da maneira que se pode, com todas as
etapas, como um desejo que vai sendo vivido em partes , mais ou menos assim:
Você quis comprar uma coisa que considerava importante, especial. Foi na
loja, ficou olhando e não tinha grana. Ai desejou, trabalhou para comprar e
conseguiu. Levou pra casa com satisfação, cuidou , a ponto de brigar e não
gostar que mexessem, com medo de estragar. Ela quebrou algumas vezes, você foi
lá e consertou, só que por mais cautela que houvesse, aquele objeto foi ficando
velho e acabou.
Tem a possibilidade do objeto não ter combinado mais ali, só que havia
um carinho e você não jogou fora, e empacotou numa caixa. Passou um tempo, você
abriu a caixa, viu que aquela coisa não estava tão velha assim, só que não
fazia mais parte do seu mundo, se desprendeu e doou pra alguém que combinasse
mais.
É assim que deveriam ser vividos os amores possíveis e é assim que eles
deveriam ser refratados pra poder olhar no espelho e ver somente o próprio
reflexo.
K.C
Kelly minha amiga, tudo bem?
ResponderExcluirMenina, sabe porque a sensação de que se a gente tentasse mais daria certo fica? Porque a cada relacionamento rompido, mesmo que seja rompido pela gente, fica no subconsciênte um sentimento de derrota! De que vc não conseguiu acertar e não conseguiu agradar.
Então esse fantasma te perseguirá por muitos anos talvez até pela vida toda...
Esse diradinho alí de cima é muito feio Kelly, hahahahahahahaha.
Um beijão
Rsrs é meio xucro o diradinho né/ entendo e também entendo o seu ponto de vista sobre a derrota e nossas sombras.
ExcluirReflexões maduras e bem colocadas, Kelly, E não é só amor de pica que fica, muitas outras alem disso pode ter uma profundidade ainda maior. Mo texto é ótimo, gostei muito. Bjo enorme.
ResponderExcluirobrigada dário ;)
ExcluirEu gostei muito desse texto, ah você é FODA né, muito bem humorada e inteligente , como sempre. É bom ver reflexões assim que nos levem fora do senso-comum. Parabéns.
ResponderExcluirQuantos elogios ...rs obrigada.
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