É tão cafona essa coisa de comparar o amor a uma comida ou a um objeto de cozinha. Quem nunca ouviu alguma frase do tipo “Calma, você ainda vai encontrar a metade da sua laranja.”, “a tampa da sua panela”, “o morango do seu nordeste” , "o docinho de coco" ? Coisas assim...
Gostaria de saber quem foi a esperteza que inventou os ditos populares relacionados à mulher, ao amor... Talvez, eu lhe dissesse: por qual motivo você acha que entende de cultura brasileira ? Pensa que entende de amor, que entende as mulheres? Pensa que sabe tudo da vida?
Gostaria de saber quem foi a esperteza que inventou os ditos populares relacionados à mulher, ao amor... Talvez, eu lhe dissesse: por qual motivo você acha que entende de cultura brasileira ? Pensa que entende de amor, que entende as mulheres? Pensa que sabe tudo da vida?
Isso deve me incomodar por eu não ser tão adepta da gastronomia como eu gostaria. Coisas relacionadas à cozinha não costumam me despertar grandes interesses, inclusive aquele blá blá blá machista de séculos atrás, de que mulher tem que saber fazer o tal cafezinho pra satisfazer alguém. Também deve me incomodar porque sou sensível com palavras, meio romântica, e esses ditos sempre causam em mim um mal estar civilizatório.
Porque amor, relação e os embaraços sobre o assunto são coisas que levam as pessoas, pelo menos as pensantes, a ficar mais sensíveis e reflexivas, naturalmente. Pra ouvir isso? Que você ainda vai ser a tampa da panela de alguém... uma metade da laranja...?
Será que alguém se acha metade de uma laranja e precisa ser uma laranja inteira?- eu nunca conheci alguém que queria ser uma laranja...já conheci bananas que nem se davam conta que eram, enfim, outro papo.
Pior que ser a tampa certa de uma panela, deve ser encontrar a outra metade da laranja. Deve ser horrível encontrar a laranja gêmea, porque isso vaga na ideia de amar uma pessoa só porque ela é parecida demais com você e por isso deu certo.
E isso é uma furada, ninguém ama suficientemente uma pessoa, só porque ela gosta das mesmas músicas, ou livros que a outra também. Muitas vezes, amor é dar exatamente o que não se tem, já dizia Lacan.
E isso é uma furada, ninguém ama suficientemente uma pessoa, só porque ela gosta das mesmas músicas, ou livros que a outra também. Muitas vezes, amor é dar exatamente o que não se tem, já dizia Lacan.
Encontrar a metade da laranja parece viver sempre na mesmice, não descobrir sabores diferentes, olhar pra cara da pessoa que você ama todo dia de manhã e fazer o mesmo suco no espremedor e quando as laranjas estiverem meio maduras e se percebe que elas não eram tão iguais? Acabou. Saco do lixo? Simples assim?
Amor não é metade certa, é a mistura incerta. É saber que dentro desse incerto há riscos, de ser bom, de ser ruim, de trocas, de afinidades, mudanças, atitudes; de ser interessante, talvez desastroso, mas é assim que a vida conspira. Viver é correr na incerteza, é correr riscos que nem sabemos quais são.
Logo, se na atualidade, eu pudesse dizer algo para o ser que inventou tais ditos passados, meu recado seria:
- Doido(a), não compare algumas coisas da vida a um fastfood. Amor não combina com tampas na cozinha, tampouco com certeza.
Só li verdades, amiga 🙂
ResponderExcluirAmor é uma coisa sem explicação, onde ambos se complementam ou algo assim rs
😘