E ai, quer pagar quanto?





Você chega, ele chega. Trocam olhares, conversas. Se beijam, é bom, esquenta, esquenta e esquenta e ai... foi bom pra você?

Existem muitas hipóteses pra responder a pergunta central “foi bom pra você?”. Às vezes você gostou de conhecer aquela pessoa, mas foi um momento. Às vezes foi ruim à beça e do resto é desnecessário lembrar. Às vezes foi muito bom, acontece empatia, um possível  envolvimento, algo mais sério...

Todo esse leque é aberto porque, além de não conseguirmos controlar a vida, existe a grande diferença entre: sexo casual, paixão e amor. Idiotas são os que pensam que está tudo relacionado.

Sexo é fisiológico, é ponto comum de várias sensações físicas que sentimos e não conseguimos reprimir. O pai da psicanálise, titio Sigmund, dizia em seu estudo sobre as pulsações que desde crianças já nascemos dotados de pulsação sexual e estas nem sempre tem a ver com procriação. 

Chupar o dedo, ver  pessoas se trocando,  coisas que parecem ser tão inocentes, ou até mesmo as preliminares no sexo que parecem ser mais brincadeirinhas do que parte da relação, é a sexualidade em voga. A fisiologia afeta a psique para uma descarga de sensações, entre elas as ‘coceguinhas’.

Todos os animais , humanos ou não, arranjam formas de se comunicar e de se satisfazer - as aves,  como o pinto e a periquita, inclusive. É, moralista, desculpe se lhe decepcionei com o Freud...


No sexo, há um jogo e uma excitação interessante de possuir e ser possuído. Há um tesão nisso, é uma das características da paixão. Nos tornamos  mais egoístas,  egocêntricos, vaidosos, no sexo e com o mundo,  quando estamos apaixonados.  São os nossos desejos fluindo e de mais ninguém... deve ser por isso que o sexo as vezes é confundível com a paixão, mas a experiência é diferente...


A paixão, quando não correspondida, a sensação é de que se é tão pequeno em seus pensamentos e desejos, é ruim com exclamação! E ao mesmo tempo ela é boa de sentir, difícil até de se explicar... Ela nem sempre cabe nas palavras, na concentração, no racional, as coisas parecem ter mais graça, até mesmo as coisas mais cafonas. Quando acaba... dói com exclamação?

E  essa interrogação chamada amor... acredito que vagueia na ideia de alteridade. É o outro que é colocado em foco e não você, por isso é tão difícil encontrar um amor,  porque amar está relacionado a cuidar do outro.  Nem sempre cuidar do outro envolve estar junto. Às vezes duas  pessoas se gostam, mas possuem vidas divergentes, e a forma mais sincera de você cuidar do outro é  duramente se afastar.




Quando o cuidar do outro é mutuo, ai sim se pode dizer “ eu te amo” - ao menos deveria ser assim...  e não o que a publicidade prega.

Deve ser horrível passar a vida sem saber o que é amar, mas ao mesmo tempo há uma indústria cultural  e publicitária que nos impulsiona a ficar sempre apaixonado, e não a amar. Amor é sem graça pro sistema competitivo e neoliberal que a gente vive, alteridade vende menos.

A paixão faz você ficar bobo, gastar muito mais em datas comemorativas, comprar mais roupas  e adornos afinal “tem que buscar autoestima”, “ tem que estar bonito(a) pra satisfazer seu parceiro”.  Vemos isso nas músicas românticas também,  nos filmes, o quanto a paixão em forma de amor vende mais.




É tão difícil escrever sobre isso. “ E ai, foi bom pra você?”, é uma pergunta mais abrangente do que parece, seria mais interessante perguntar "E ai, quer pagar quanto?", porque tudo depende do preço do que se quer pagar e pelo que. Sexo é fácil, mas não é de graça.  A paixão tem seu preço e o  amor , nunca sabemos quais serão os seus impostos, mas também não vem de graça.





K.C

7 comentários :

  1. Excelente!!!!!!!! texto mt bom mesmo!.. eu ja tinha vindo pra esse lugarsinho aconchegante..
    mas por sorte, revi uma publicação no face.. e reencontrei-o

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  2. Kelly, eu gostei do texto, aliás todos os seus textos são muito bem escritos, mas neste, eu não sei eu li duas vezes, gostei muito do que quis passar mas ao mesmo tempo tinha algo em mim que me incomodou e ai eu fiquei pensando o que me incomodou nesse texto e foi o seu ar meio "luis felipe pondé" que me deixou incomodado, claro que você tem seu estilo e que o filósofo estrela da folha lá abordaria esse tema de um outro jeito, mas algumas partes tem esse ar que não é bem o sarcasmo que você usa sempre, mas mais um veneno do estilo dele mesmo.

    No mais eu concordo e muito que as pessoas confundem sexo com desejo e desejo com amor, você foi muito coerente, até na parte das aves dos pinto e da periquita uhuhhauaha. Boa semana.

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    1. gosto de le-lo, nem sempre concordo com tudo, não acredito que esse texto tenha tido alguma intensão "pondeliana" , mas bom vai do leitor a interpretação e o entendimento. Obrigada pela leitura :)

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  3. Kellyzinha minha amiga... Putamerda que texto bem escrito!
    Você manja demais de escrever. Sabe expor suas idéias bem demais, e mesmo com texto geralmente grandes, nunca fica na embromação! Sempre fala coisas diretas e objetivas.

    Muito bom te ler! Parabens!

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  4. Resumiu grande parte das verdades que as pessoas não gostam de escutar.

    Um bom final de semana.

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